segunda-feira, outubro 31, 2005

... I

Acordei tarde novamente
__por pura falta do que fazer
Hoje se vai a Sintra
Amanhã uma feira em Lisboa

Uma viajem com amigos
__para quebrar o tédio
Que tem muito mais de
__exagero do que se sente

Exagerar no tédio gera
__um prazer dicotômico
____no viajar, mover-se

Hei de quebrar este ciclo
E voltar a ter prazer de fazer.

quinta-feira, outubro 27, 2005

Convento de Mafra e O Lampanário Eletrônico II - O Detector de Fé

E há algo que esqueci-me de contar

Do dispositivo detector de fé
Do famigerado lampanário

Pois quando depositei a moeda
Incredulo
Nenhuma lâmpada acendeu-se.

terça-feira, outubro 25, 2005

Moveis e Feng Chui

Mudo os moveis de lugar
_____para me acomodar melhor
E para ver se as energias
_____fluem melhor
Cama para lá, bidê pra cá
_____escritório aqui
Quem sabe um bambu
_____almofadas e mantas pelo chão
Um quadro do Chê Guevara e outro da Janis
_____não esqueçamos o Cazuza
"Meus heróis morreram de overdose!"

Mudo os móveis para sobreviver.

segunda-feira, outubro 17, 2005

Inércia I

Os olhos pesam, querem fechar
São 18:00
E a preguiça anuncia à cornetas
Uma tristesa penetrando

Espero no banco do largo
Vendo uma gorda rir do outro lado

Uma pequena aranha pressente a inércia
Traça um fio do meu joelho cruzado
Até a cocha do outro lado

Não suporto sua energia
E num tapa destruo tudo

Infinitivos e Gerúndios

E há pouco luz sobre o papel
E muita sombra projetando-se da caneta
E a tinta preta
Faróis de carros a passar
A cachaça para bebiricar
E verbos no infinitivo
Gerúndios para desmanchar

terça-feira, outubro 11, 2005

Convento de Mafra e O Lampanário Eletrônico

Foi entre santos de mármore
de olhares graves, beatos...

Uma caixa da melhor madeira
Com dezenas de lâmpadas
em forma de velas
Numa cuba de vidro
Duas acesas.

10 cêntimos, acende-se uma!

Deposite sua fé!
De certo deus tem uma conta bancária!

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Fiquei a imaginar a figura clássica do deus católico
Sentado em frente do seu portátil
Conectado a rede, observando sua conta da fé crescer
E digo só crescer, pois parece que deus não anda investindo muito por aqui
Quem sabe somos apenas uma colônia de exploração
Tal como Brasil foi para Portugal, a Terra para sei lá onde...
E nós aqui com os lampanários eletrônicos...

quinta-feira, outubro 06, 2005

Pastelaria Arcadia

Enquanto a gaita tocada
Pelo homem de cabelos longos
Grisalhos com uma touca colorida
Penetra o ambiente,
A cerveja escorrega garganta a dentro
Forte, ruiva.

Não posso deixar de espelhar-me
Também com a minha toca colorida e cabelos longos,
Embora os meus ainda castanhos,
A penetrar o ambiente.


Mas qual corpo toca a poesia?
Que onda emana?
Qual a corporeidade do verso?

...

- Creio que a resposta esvazie o entendimento por enquanto!

Sinto que na medida que escrevo
Também penetro o ambiente.
Enquanto escrevo toco-me, e ao tocar-me
Toco o meio.

Assim como o gaiteiro
A tocar a gaita
Toca o meio pela música
Toco eu com a poesia.

terça-feira, outubro 04, 2005

Terreiro I

Os candelhabros de contas de plástico
Iluminam a bancada.
Mais um pau e vinte,
Outra bejeca,
Outro poema.