O Caminhador
A pressão na cabeça aumentava.
Enquanto a realidade chocava-se,
Estilhaçando feito vidraça minha retina.
Cada som e ruído me fere feito aço quente.
O ar condicionado, a lâmpada fosforescente,
O ventilador grunhindo feito bicho sobre minha cabeça
Dentro desta caverna urbana,
No meio desta colméia humana,
Sentado nesta cadeia
Escrevendo essa poesia!
Só quero que o sinal toque,
Exatamente como ontem, ante ontem,
Como quando tinha seis anos,
Como agora de barba rala e peito forte,
Só quero que o sinal toque,
Como ontem, ante ontem e amanhã.