__Parte I__
Aqui no expresso, a caminho de Viseu para uma conferência
Filosofia e Epistemologias
Lembro-me de alguns anos atrás
A caminho de Porto Alegre
Escrevendo pela primeira vez noutra caderneta
Agora a tempos preenchida
Decola o expresso
Naqueles dias ía morar na capital
Vida nova, hoje velha, de folha amarela
Lembro-me ainda d'eu voando para Santos
Também para fins acadêmicos, outro congresso
De semelhança talvez a mesma solidão, que não doi
Vou sosinho
Talvez a letra atrapalhada pelo saculejar do camêlo
Expresso Azul, Rede Expressos
São todos camêlos
__Parte II__
E eu caminhando
Metaforicamente, escuso o uso dos pés em prol da velocidade dos camêlos
Vou ver Saramago e outros gênios
Conhecer algumas verdades e paisagens
Quando anos atrás ía a Porto Alegre era à luz do sol
Agora à luz de faróis
Não me recordo bem do que escrevi naquele dia
Nem sei bem do que escrevo agora
E da viagem a Santos
lembro-me de uma só poesia, que música virou depois
para alguma mulher que não lembro o nome
Vão-se as mulheres, ficam as canções
Era o que eu pensava na época, disso lembro bem
Porém o disco acabou, e sempre vou trocá-lo agora
__Parte III__
Bem, é preciso dizer um pouco de saramago
Acabei de ler o Memorial do Convento
que comecei a ler sem saber que se tratava de Mafra
O já famigerado Convento de Mafra
E na descida até a estação hoje ao fim da tarde
comprei as Intermitências da Morte, €12,50
Foi Camila quem apresentou-me o autor
Falando do Ensaio sobre a Cegueira
É também o nome dum dos blocos da Residência de Estudantes
Bem como é Eça de Queiros o donde moro
Tanto que mal cheguei a Portugal, pus-me a ler Os Maias
Embora este mais barato, € 1,00
Bendita promoção (!)
O Memorial do Convento veio da biblioteca
o problema é o apego que crio com o livro lido
... não quero devolver
Vão-se os livros, ficam as idéias
Vão-se os caminhos, ficam os poemas