Sr. Nada
O homem nada quando anda pela rua,
Em nada esbarra, em nada se estrebucha.
E quando deita à noite,
Nada sonha, por nada se ilude.
Como com nada se preocupa,
Nada faz pela madrugada, nada mais do que a bituca,
De cigarro largada na rua.
O homem nada quando caminha pela rua.
Pois a enchente alaga a amargura,
De nada ser nada mais que nada.
Mas se tudo pudesse ajudar nada,
Nada melhoraria, e tudo ficaria feliz.
E tudo ainda seria algo.
O homem nada quando corre pela rua,
Por nada no mundo pensa em algo,
Pois mesmo algo,
Pode por nada fazer tudo.
O homem nada quando morre na rua,
A ninguém faz falta, a ninguém faz chorar.
Pobre de ninguém, pois com nada mais
Irá amar!
Mas enquanto ninguém chorava pela rua,
Pensou:
Se nada era nada,
Então nada era alguma coisa.
Foi então que ninguém entendeu nada...
Por que nada era tão triste?
Porque nada na verdade era alguém!